DEIXAR SAIR 
TEXTO EXPLICATIVO 
 
 
As obras do “Deixar Sair” são obras que usam as linguagens da fotografia, colagem e vídeo dança.
O “Deixar Sair” é inspirado nas diversas formas de amarras que sofremos, e um convite à reflexão sobre como podemos deixar sair. Pensando que tudo o que fica preso vira tumor, seja no âmbito fisiológico ou psicológico. Esse conjunto de obras fala sobre eliminar o que é toxico, desde pensar que o intestino de uma pessoa deve funcionar bem para garantir uma qualidade de vida, quanto deixar sair o movimento de um corpo que quer dançar, mas que vive contido, por amarras psicológicas e sociais. Se deixar dançar, deixar sentir e chorar, falar, cantar, deixar a pele morta sair utilizando a bucha vegetal, se deixar amar, se permitir ser quem é. Desatar os nós. Deixar de acumular 
objetos, sentimentos ruins, mágoas, deixar tudo o que está sobrando ir embora. Porque o que sobra vira tumor, vira espinha, vira dor, vira ansiedade, o rancor corrói. Por isso, deixar sair. E tudo isso, porque é o que a vida precisa para viver. 
 
 
“Pessoas adoecem da razão, de gostar de palavras presas 
Palavra boa é palavra líquida, escorrendo em estado de lágrima 
Lágrima é dor derretida, dor endurecida é tumor 
Lágrima é alegria derretida, alegria endurecida é tumor 
Lágrima é pessoa derretida, pessoa endurecida é tumor 
Tempo endurecido é tumor, tempo derretido é poema 
E você pode arrancar os poemas endurecidos do seu corpo 
Com buchas vegetais, óleos medicinais, com as pontas dos dedos, com as unhas 
Você pode arrancar poema com alicate de cutícula, com pente, com uma agulha 
Você pode arrancar poema com pomada de basilicão, com massagem, hidratação 
Mas não use bisturi quase nunca, 
Em caso de poemas difíceis use a dança 
A dança é uma forma de amolecer os poemas endurecidos do corpo 
Uma forma de soltá-los das dobras, dos dedos dos pés, das unhas...” 
 
(Poemas presos, Viviane Mosé) 

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